terça-feira, 4 de novembro de 2014

O que fizeram de você, Fabi? O que você fez?

De novo me arrisco, arisco, nesse conto de anos atrás
Por onde você andou, menino, que ao te ver na minha frente, já não te encontro mais?
O que fizeram de você, Fabi
O que você fez?

É triste contar essa história mais uma vez...

De que me adiantaram tantos cafés da manhã
Se na manhã seguinte eu nem sabia se você estaria mais aqui
Seus olhos, baixos, me contaram o que você fez essa noite, Fabi

Mas, não importa.
Entre, feche a porta da cachanga, deita e dorme
Que zelo seu sono...


Fabi só era Fabi com uma bola nas mãos
Como todo menino, sonhava em ser profissional
Mas, profissão Fabi não tinha ainda não
Nem canudo, nem estima
A sorte ficou pro irmão


Hoje ele chora porque teve de criar a vida
Porque não chega o que procura
Porque sobreviveu na sua maldita 

Porque sobrou do que não tinha

O mal de Fabi é não saber sonhar direito
Acostumado com o sonho, dorme demais
Fabi pensa que malandragem é saber muito da vida
Quando, na verdade, a vida sabe o que faz


Fabi tem endereço, tem idade, tem passagem
E vive nos cantos desse país
Mas, esse Fabi é mais um porque quer
Porque quando lhe estenderam a mão
O orgulho não o deixou reagir


Fabi diz que nasceu e vai morrer sozinho
Eu não assisti nenhum dos dois
Rezo para que o destino não seja penoso
Mas, não mais todos os dias
Porque Fabi me virou as costas feito bruto
Não disse adeus
Como rezar por alguém que se vai e vive logo ali?


Fabi diz que igual Fabi só existe um
Deixa de ser tolo, Fabi
Existem de você por todos os cantos desse país
O primeiro presente de todo menino, 

depois de uma vestimenta azul, é sempre uma bola
E correr, é só ter perna, que se pode fazer.

Ai Fabi, a quem estou enganando?
Fabi tem é medo de tentar e fracassar.
Mas, só chega perto quem tentou.
Fabi está longe...
Fabi não é daqui...

Fabi tem medo de se entregar... Em tudo, em vão.





Pausa para o café:




Pois bem, esse Fabi realmente existiu em minha vida e merece esse lugar ao sol, nem que seja aqui nesse blog, com as minhas palavras. Hoje já não sei de Fabi. Não sei se acordou, se conseguiu dormir. Fabi era acima de tudo inconsequente, ilimitado, distraído, puro acaso. Me mostrou que não basta dizer que é simples, é preciso provar que se é e simplicidade, em nada, está relacionada ao dinheiro. Fabi não é único. Pode ser que tenha nascido realmente sozinho, mas vai morrer assim por opção. Ele realmente me virou as costas, digo isso no ato. Ele é assim, irreverente, inusitado. Sei que ao virar, pensou três vezes em quem deixava para trás, mas fez mesmo assim porque dessa forma, ele se sente melhor. Fabi escolhe a solidão porque de ruim basta ele. Palavras dele... 

Obrigada por virar as costas. 
Dedico esse texto com todo sentimento que tive, livre de rancor.



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