Senhor Edivaldo era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo
Me lembro dele pelos cantos
Balançando em sua rede na laje da casa onde morava
Ou então numa briga devido a um jogo de cartas
Ou cuidando de seus passarinhos, galinhas, patos
Ou assistindo o jogo do Vasco na sua televisãozinha
Mas nunca me deveu sua companhia
Passávamos as tardes ouvindo o canto dos passarinhos que tanto amava
E conversando sobre a vida ou sobre o que faltava para ela ser
Há quem diga que só doutor sabe aconselhar
Pois eu digo que um jardineiro me ensinou tudo
Meu aniversário sempre foi sua alegria
Para a neta, tudo o que ela nem merecia
A mesa da cozinha estava sempre repleta de biscoitos
Sempre me abraçava firme e orgulhoso
E dizia: Parabéns!
Eu disse que era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo
Mas cada um sabe, quando há bem querer, o que a boca não fala, o que olhar não pode ver, o que o ouvido espera ouvir
Senhor Edivaldo se foi
E foi-se a primavera, outono, inverno e verão
Foi-se muitos dos meus dias
Como outro aniversário
Em que não pude decifrar o que seu parabéns queria dizer
Seu Edivaldo nasceu dia quatro de Abril
Seu Edivaldo faleceu dia quatro de Abril
E me pergunto se foi por infarto
Ou porque quis
Ele era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo
Saudades...
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