sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sr Edivaldo

Senhor Edivaldo era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo 
Me lembro dele pelos cantos 
Balançando em sua rede na laje da casa onde morava 
Ou então numa briga devido a um jogo de cartas 
Ou cuidando de seus passarinhos, galinhas, patos 
Ou assistindo o jogo do Vasco na sua televisãozinha  
Mas nunca me deveu sua companhia 

Passávamos as tardes ouvindo o canto dos passarinhos que tanto amava 
E conversando sobre a vida ou  sobre o que faltava para ela ser 
Há quem diga que só doutor sabe aconselhar 
Pois eu digo que um jardineiro me ensinou tudo  

Meu aniversário sempre foi sua alegria 
Para a neta, tudo o que ela nem merecia 
A mesa da cozinha estava sempre repleta de biscoitos 
Sempre me abraçava firme e orgulhoso 
E dizia: Parabéns!  
Eu disse que era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo 
Mas cada um sabe, quando há bem querer, o que a boca não fala, o que olhar não pode ver, o que o ouvido espera ouvir 

Senhor Edivaldo se foi 
E foi-se a primavera, outono, inverno e verão  
Foi-se muitos dos meus dias 
Como outro aniversário  
Em que não pude decifrar o que seu parabéns queria dizer 

Seu Edivaldo nasceu dia quatro de Abril  
Seu Edivaldo faleceu dia quatro de Abril 
E me pergunto se foi por infarto  
Ou porque quis 
Ele era de poucas palavras, poucos atos, pouco tudo 
Mas era um pouco muito certeiro 


Saudades...

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